Em 1957, quando o Pe. Humberto se preparava para publicar a biografia Alexandrina, contactou um dominicano para lhe prefaciar o livro. Esse prefácio tem por título «La “Monella” sulla Croce», A Garota na Cruz. É curiosa a aproximação ao título da autobiografia do mesmo Pe. Humberto; mas há coisas muito bonitas no que escreveu o dominicano. Fica aqui uma amostra:
A «Garota» de Balasar, amando a beleza da virtude, que é o decoro de toda a criatura humana, encontrou-se na condição dolorosa que a obrigou a passar longos anos na quase total imobilidade. Mas no recolhimento da sua dor, vivificada por um intenso amor, seguiu a onda suave que de fora a conduzia ao dentro e do interno a elevava ao superno, segundo a linha clássica da navegação espiritual.
Olhando o imenso oceano, Alexandrina recordava talvez os grandes navegadores que da sua terra fizeram uma maravilhosa potência de civilização no mundo. Mas, com os olhos da «mente», onde «clara e bela» refulgia nela a imagem de Deus, podia contemplar a oceânica beleza do seu Deus e, no movimento trinitário da sua alma espiritual e imortal:
Ao Criador dava glória com o seu canto de amor;
Ao Verbo encarnado oferecia-se como «Lamparina viva»;
Ao Espírito – Amor Eterno – abria dócil o coração.
Veja-se o original do terceto anterior:
al Creatore dava gloria col suo canto d’amore;
al Verbo incarnato ofriva sè come «Lampada viva»;
allo Spirito – Amore Eterno – apriva docile il cuore.
Quem será o autor deles?
«E a Palavra Se fez carne e habitou entre nós».
«Deus amou de tal modo o mundo
que lhe deu o Seu Filho unigénito,
para que todo o que crê nele não pereça,
mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o Seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por Ele».
Há pouco chegou-nos a pequena biografia (umas três páginas) de Francis Reynolds que a Jocie McEvoy escreveu. Ele devia ser de escalão social humilde, pois teve de emigrar para a Inglaterra, onde montou um negócio de cabeleireiro bem sucedido. Quando a Alexandrina Society estava já em vigor, ele evitava responder por carta a quem se lhe dirigisse: telefonava. Um vez teve de telefonar para o Sri Lanka. Mas do outro lado respondeu-lhe um homem irritado: é que eram quatro horas da manhã!
Muita gente não o sabe, mas tempos houve em que a arte da quadra era muito popular; quase todas as pessoas, mesmo aldeãs, eram capazes de improvisá-las. A Beata Alexandrina também o era; nada de admirar portanto que o tenha feito algumas vezes, não muitas. As que se seguem são claramente de qualidade.
Canta alegre, minha alma,
Vai nascer o Deus-Menino!
Foi só para dar-te o Céu,
Que Ele se fez pequenino.
O fogo que me devora
Herdei-o do meu Jesus.
Principiou no presépio
E foi levá-Lo à cruz.
Este livro que a Prof.ª Eugénia Signorile preparou – e que é talvez em absoluto o que melhor nos ajuda a penetrar na vida e na obra da Beata Alexandrina – já tem tradução portuguesa e francesa e a conclusão da inglesa prevê-se para breve.
Sabendo-se que a Beata Alexandrina está bastante divulgada entre os falantes de língua inglesa (apesar de pouco traduzida), vê-se quanto ele pode vir a ser útil.
O nosso colaborador Leo Madigan diz mesmo:
Quando se tomou conhecimento de que a especialista italiana de ícones Domenica Ghidotti tinha feito um bela obra para os Salesianos, surgiu de imediato a ideia de obter uma cópia para Balasar.
O anseio está agora a caminho de se concretizar; mais, um grupo de amigos italianos vai oferecer o ícone.
Maravilha!
Segundo uma mensagem do Pe. Pier Luigi Cameroni, inserta neste blogue em 21 de Novembro, os habitantes de Vignole Borbera, a freguesia natal do Pe. Humberto, pretendem geminá-la com Balasar. O livro Il Monello di Dio descreve-a assim:
Vignole Borbera é uma pequena e ridente freguesia do Piemonte, na província de Alexandria, que conta cerca de dois mil habitantes.
Atravessada originariamente pelo rio Borbera, a freguesia desenvolveu-se aos pés do monte Spineto, sobre o qual se eleva o Santuário mariano de «Nossa Senhora do Monte Spineto», meta de contínuas peregrinações e ponto panorâmico encantador. Neste doce vale, rico de vinhedos, que deram nome à freguesia, nasceu o Pe. Humberto Maria Pasquale.
Consulte-se ainda a página de Vignole Borbera na Internet: http://www.comune.vignoleborbera.al.it/
«Zampilli incandescenti» (Jorros incandescentes) é o título do novo livro que a Prof.ª Eugénia anuncia para dentro em breve, talvez ainda este mês. São 64 páginas que «apresentam a Alexandrina na sua missão de mensageira de Jesus». Na contracapa, a autora - a Alexandrina - é apresentada nestes termos:
«Alexandrina:
toda uma chama de amor oblativo
que se alimenta em Jesus
e comunica à humanidade
o fogo divino».
Com o livro, sairá também uma pagela enquadrada no tema dos «jorros incandescentes».
Continua entretanto a preparação do texto para a segunda edição de Cristo Gesù in Alexandrina.
Não se conhece nenhuma síntese biográfica sobre o Pe. Leopoldino, mas foi certamente orador de alguma nomeada e praticou o jornalismo; neste âmbito, dedicou alguns artigos à Alexandrina (após a morte dela) num jornal poveiro, recordou algumas efemérides e escreveu ainda um trabalho histórico.
Perante a Alexandrina, teve, pelos vistos, um comportamento bastante legalista e hesitante. Na Casa do Calvário, nunca terá passado duma pessoa respeitada, sem chegar a ser um amigo ou confidente. Em sentido estrito, nunca a dirigiu nem foi seu confessor.
Aquando da comissão nomeada pelo Arcebispo, não se colocou do lado da sua paroquiana; pelo contrário «foi o mais severo e o mais influente na decisão» tão gravosa que então se tomou (Dr. Azevedo).
A sua posição há de ter-se modificado nos derradeiros anos da vida da Alexandrina, como aconteceu com muitos dos seus mais obstinados adversários e como se revela nos escritos que lhe dedicou.
Deixou a paróquia em Outubro de 1956, um ano após Alexandrina ter «voado para o Céu», quando o Pe. Francisco para aí veio.
Em 1958 (vol. I, n.º 2) e 1959 (vol. II, n.º 1), publicou no Boletim Municipal da Póvoa de Varzim um longo artigo sobre Balasar, onde, de passagem, também evoca a sua antiga ilustre paroquiana.
No Casa da Alexandrina, encontra-se uma carta sua, certamente dirigida ao Pe. Humberto, que se enquadra no contexto das decisões tomadas após o exame da comissão de teólogos. Escreveu ele:
Balasar, 15/3/1945.
Rev.mo Senhor,
Saudações em Jesus Cristo.
Em resposta à sua carta, venho informá-lo que por ordem superior V. Rev.cia não pode exercer qualquer função sagrada na minha igreja e freguesia sem apresentar documento que prove ter jurisdição nesta Arquidiocese. Manda quem pode… obedece quem deve…
Uma comissão de teólogos, estudando o caso da Alexandrina, nada lhe encontrou de sobrenatural; por isso devem acabar as visitas dos padres e leigos, para fazer silêncio sobre a mesma.
Se a doente sofre, e creio isso, lá tem o seu Director Espiritual (que não sou eu) para a confortar e animar no sacrifício.
Não devemos meter a nossa fouce em seara alheia.
Agradecendo as suas atenções, subscrevo-me seu in corde Jesu
Lepoldino Rodrigues Mateus (pároco).
Embora aluda ao sacrifício da Alexandrina, o facto de aceitar sem qualquer reparo a decisão da comissão dos teólogos – que também integrou – mostra como estava longe de entender o que com ela se passava.
Sempre Tu, Mãezinha!
És Tu bendita entre as mulheres!
Só Tu, ó Mãe, és imaculada!
Criou-Te Deus
Tão pura e bela,
Brilhante estrela;
Do Céu Rainha,
És mais que os Anjos
E os Arcanjos.
Encheu-Te Deus
De tal carinho,
Tão branca e pura,
Mais que o arminho!
Quem ousou manchar-Vos
Errou no caminho!
Mãezinha,
Em Ti vejo luz, paz e amor.
Queima-me,
Abrasa-me no amor que Te consome,
Guarda-me em teu Coração.
Sim, Mãezinha,
Contigo amo a Jesus
E venço sempre as humilhações.
Ó minha Mãezinha do Céu, eis aqui aos vossos santíssimos pés uma alma que Vos deseja amar.
Ó minha adorável Senhora, eu quero um amor que seja capaz de sofrer só por amor de Vós e por amor do meu querido Jesus!
Sim, do meu Jesus que é o tudo da minha alma.
Ele é a luz que me alumia, é o pão que me alimenta, é o meu caminho pelo qual eu quero seguir.
Mas, minha soberana Rainha, sinto-me tão fraca para passar por tantas contrariedades da vida!... Que será de mim sem Vós ou sem o meu querido Jesus?
Ó minha Mãezinha do Céu, lá do trono em que estais, vede este meu triste viver. Vinde em meu auxílio. Abençoai-me e pedi a Jesus por mim, vossa indigna filha.
Alexandrina
- A ICONOGRAFIA DE CRISTO N...
- MAIS VÍTIMAS DA REPÚBLICA...
- RECENSÃO SOBRE O OPÚSCULO...
- A EDIÇÃO AMERICANA DO OPÚ...
- VÍTIMAS DA REPÚBLICA NA P...
- OS PAÍSES QUE ESTÃO NO TO...
- O PÁROCO DA ALEXANDRINA N...
- RESPEITO DA ALEXANDRINA P...
- Os meus links
- Alexanrina de Balasar Sítio oficial
- Alexandrina de Balasar - Poliglota
- Causa do Padre Mariano Pinho